Jair Bolsonaro completa, em 26 de setembro de 2021, seus 1.000 dias de uma gestão cheia de polêmicas, tensões, confusões. Mais barracos que pontes, para usar termos entre a baixaria e a diplomacia. Dias complexos. De quase 590 mil mortes saídas de uma pandemia mal gerida, negada e mal assistida. Dias de ódio, de coação à imprensa, de atentados e ameaças à democracia, de xingamentos e desrespeito, agressões do Executivo ao Judiciário.
O Brasil dividiu-se ainda mais. A inflação corrói o bolso, a gasolina bateu R$ 7 - ou mais -, as mentiras de blogueiros amigos foram patrocinadas pelo Planalto, para o Planalto, pelos chegados do Planalto. Quiseram "passar a boiada" nas leis ambientais e no que mais fosse. O Centrão pegou assentos e cargos. É um governo em que os cabides dos escalões da gestão têm tantos paletós quanto fardamentos verde-olivas.
Será muito trabalho para os autores dos futuros livros de história. Mas as charges do O POVO cuidaram de contar com gracejo o que está sendo o bolsonarismo no poder. Uma opinião com o traço habilidoso do chargista Clayton, bem humorada. Mesmo sobre coisa muito séria, mesmo que quase sempre o assunto nem fosse engraçado. O governo e seus personagens foram muitas vezes mais bizarros e distorcidos do que o próprio desenho.
Para abrir o registro do que foram esses 1.000 dias, O POVO bancou um momento democrático e lançou, em seu portal, a eleição das charges que mais representam o governo Bolsonaro. De 8.320 votos computados para 50 charges selecionadas previamente, as mais votadas foram:
- "O machado de Weintraub devasta o Ministério da Educação" (7,45%);
- "A previsão mística do futuro de aumentos nas contas do trabalhador brasileiro" (7,33%);
- "A crença da não existência da corrupção no governo pela hipnose de Jair Bolsonaro" (6,53%);
- "Insensibilidade e desumanidade de Jair Bolsonaro com as mortes pelos coronavírus" (6,14%);
As categorias mais votadas foram das charges de Política (28,62%) e Educação/Cultura (24,03%). As mais compartilhadas foram as de Saúde (26,61%) e Política (22,54%). A plataforma mais escolhida para o compartilhamento foi o WhatsApp, principalmente no dia 27/8. A votação foi realizada entre os últimos dias 26/8 e 7/9. Das 943 charges analisadas entre 2/1/2019 e 31/7/2021, o governo Bolsonaro foi tema em 547 delas (61%).
Esta eleição é parte do projeto “Bolsonaro 1.000 dias”. É um dossiê jornalístico que apresenta análises de informações geradas pelo governo. Terá abordagens diversas e cruza várias plataformas e editorias do Grupo de Comunicação O POVO (GCOP). A coordenação é do Data.doc, o Núcleo de Jornalismo de Dados do O POVO.
Fonte: O povo