FACEBOOK: AS DENÚNCIAS E O APAGÃO QUE AGRAVAM CRISE DA MAIOR REDE SOCIAL DO MUNDO



Nesta terça-feira (5/10), a ex-funcionária do Facebook Frances Haugen compareceu ao Senado americano para prestar depoimento sobre suas denúncias contra a empresa, que incluíram documentos internos vazados e publicados pela imprensa.


Mais cedo, o fundador e diretor do Facebook, Mark Zuckerberg, precisou se pronunciar em uma outra frente de batalha para a companhia nesta semana: em uma postagem, ele pediu desculpas pelas redes sociais do grupo terem ficado fora do ar por cerca de seis horas na segunda-feira (4), em boa parte do mundo.


Depois, a empresa esclareceu que houve um problema na conexão entre seus centros de dados e a internet, e disse estar trabalhando para que sua infraestrutura se torne "mais resiliente".


No dia anterior à pane mundial que comprometeu o funcionamento do Facebook, WhatsApp e Instagram, Frances Haugen já havia colocado o nome da empresa em maus lençóis ao ter uma entrevista veiculada pela rede americana CBS.


No domingo, a ex-funcionária de 37 anos de idade afirmou que a companhia prioriza o "crescimento em detrimento da segurança" — seja na proteção aos princípios democráticos ou no cuidado com a saúde mental de adolescentes.


Documentos vazados por ela para o jornal Wall Street Journal foram publicados nas últimas três semanas. Um deles foi sobre uma pesquisa que o Instagram fez internamente, revelando indícios de que o aplicativo pode ser prejudicial à saúde mental de meninas. Entretanto, segundo Haugen, a empresa negligenciou alertas como esse.


"O comando da empresa sabe como tornar o Facebook e o Instagram mais seguros, mas não fará as mudanças necessárias porque coloca seus lucros astronômicos na frente das pessoas", disse a engenheira nesta terça-feira a senadores.


Ela também criticou Mark Zuckerberg por ter um amplo poder, em um cenário onde "ninguém cobra responsabilidades de Mark além dele próprio"; e pediu maior regulamentação das redes pelo Congresso.


"Precisamos agir agora", pediu a ex-funcionária.


Em um comunicado posterior ao depoimento, o Facebook afirmou não concordar com a "caracterização de muitos assuntos sobre os quais ela (Haugen) testemunhou", mas disse concordar que "é hora de começar a criar normas padrão para a internet".


O diretor de comunicações da empresa, Andy Stone, postou no Twitter, enquanto ocorria o depoimento no Senado, que Frances Haugen estava tocando em assuntos que fugiam do escopo das áreas em que trabalhou no Facebook — incluído proteção às crianças e o próprio Instagram.


Formada em engenharia elétrica e de computação na faculdade Olin College, e com MBA na Universidade de Harvard, Haugen já trabalhou em grandes empresas da tecnologia, como o Pinterest e o Google.


Em 2019, ela foi para o Facebook — segundo diz seu site pessoal, para assumir um cargo de "gerente de produto líder da equipe de desinformação cívica, que lidava com questões relacionadas à democracia e desinformação, e mais tarde também trabalhou em contraespionagem".


Na entrevista ao programa 60 Minutes da CBS, ela contou que decidiu deixar o Facebook em maio deste ano depois de se incomodar com as práticas da companhia.


Na entrevista, Haugen também acusou o Facebook de fomentar a violência na invasão ao Capitólio, no início do ano, episódio que deixou cinco mortos. Ela disse que a rede social ativou os sistemas de segurança para reduzir a desinformação apenas durante as eleições nos Estados Unidos


"Assim que a eleição acabou, eles desativaram ou mudaram as configurações para o que era antes, para priorizar o crescimento em vez da segurança, e isso realmente parece uma traição à democracia."

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